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terça-feira, 7 de junho de 2011

MC Nissin direto de Niterói


O nome é meio diferente, Pedro Louro Szmaragd, acho que até por isso o nome de Mc é mais conhecido, MC Nissin, e com esse nome participa de batalhas de MCs em muitos locais do Rio de janeiro, já foi campeão no ranking anual da batalha do conhecimento e campeão da edição dos oito melhores no ranking em 2008,campeão da batalha do Viradão Cultural de 2010 na Lapa, com shows de D2, Black Alien e Marechal. Em estúdio gravando e preparando o lançamento do CD do seu grupo de RAP, ORIENTE. Por e-mail Nissin responde as algumas perguntas sobre seus trabalhos e como o movimento hip-hop se representa, tanto em Niterói quanto e em outros estados. Fala de tabus no RAP de mulher MC e sobre outras coisas.
Como surgiu o interesse pelo hip hop e pelo rap?
- Sempre tive a facilidade com a comunicação e ouço Raimundos desde mulequinho, ficava lendo e gravando as letras, fazendo uns flows muito loucos, isso bem novinho, aprendendo a ler ainda. O instinto missionário de quem ama o poder da arte também contribuiu muito, pois o RAP dá voz e eu sinto que tenho muito o que mostrar pra nossa civilização.
Como foi fazer a primeira rima?
- Divertido. Essa é a linha que me prende à rima, a diversão. Os melhores são assim, não começam para agradar ninguém, nem para aparecer, começam por pura diversão, abstração da realidade muitas vezes falando a respeito dela.
Quais batalhas ou ligas você já participou?
 - Muitas. Na real nem lembro, prefiro mostrar as batalhas mais importantes do meu currículo, deixando claro que a batalha nada mais é que uma competição dentro de certos parâmetros. A rima é livre e não é a batalha que define o melhor MC. Essa é uma longa discussão.
Como assim?! Quando um MC ganha é por que ele foi melhor no flow certo?
- Nem sempre. O público que julga, mas depende do local que acontece a batalha, pode ser muito tendencioso, tenho pensado muito em batalhas com juízes. Às vezes o carisma ganha.
Alguma batalha te marcou?
- A Batalha do Conhecimento de 2008 foi muito especial o ano todo, a Batalha do Real de 2010 foi muito disputada e competitiva e o Viradão Cultural de 2010 ganhei praticamente sem atacar meus oponentes, debaixo dos Arcos da Lapa com um público superior a cinco mil pessoas. Porém nenhuma delas foi tão especial quanto a primeira que foi feita em Niterói, a Batalha da Virtude, que contou com 16 MC's daqui, em um local onde nunca tinha tido batalha, foi histórico.
Quem são seus parceiros no rap?
- Oriente, Família Conjuntivite, AudioAtivo, Forage Dee Jay e Loçau (integrante da Familia Conjuntivite) em suma. Os outros parceiros ajudam muito, mas esses são os vitais.
O que você acha do movimento hip hop atual em Niterói e nacionalmente?
- Existem muitos expoentes da cultura provenientes de Niterói, conhecidos nacionalmente, mas poucos produziram e trouxeram o movimento para cá. Estamos trabalhando nessa construção desde 2007, evoluindo e adaptando o que é necessário pra este crescimento. Nacionalmente vejo a linguagem do Hip Hop viciada a referências antigas, como Racionais e MV Bill. A televisão, na sua maioria, mostra referências gringas com cordões de prata e "gangstagem"(referencia ao estilo de rap gangstar que apela para temas mais polêmicos e violência) , o que se afasta muito do que vem sido produzindo no cenário. Nacionalmente temos uma riqueza musical incrível, mas uma ignorância enorme vinda dos meios de comunicação e da educação, que mata qualquer artista originalmente singular. Vejo grandes exemplos de resistência como Emicida, Flora Matos, Rapadura, artistas novos que tão assumindo a responsa. Espero que, depois de lançarmos o CD, o Oriente represente o Hip Hop em escala nacional, além do Hip Hop.

As questões sociais devem ser uma obrigação no rap nacional ou não?
- Cada um sabe o que é obrigação pra si. Acho o poder de abstração, vindo da arte, tão forte ou até mais forte que expressar o que é concreto. A arte, por mais que tentemos, não pode ser definida ou enquadrada. Gosto do que é original e da arte que traduz a alma. Cada artista faz o que quiser com sua arte.
Você acha seu rap ligado às questões sociais?
- Sim. Minhas criações são baseadas em contextos atuais, acho que dessa forma, além deu traduzir minhas indignações e alegrias, ainda ganho poder de identificação junto ao público. Tenho muitas criações que são, totalmente, desprendidas da realidade, tipo sentar e sair escrevendo a primeira coisa que vem na mente, muitas vezes o resultado é mais real e surpreendente. Reflito sobre minha realidade e minhas viagens, querendo ou não isso me liga às questões sociais.
Você tem um projeto de levar a cultura hip hop em escola conta como é essa ideia?
- Arte educação. Arte como método de ensino, não matéria. É comprovado que é muito eficaz e a rima foi criada para facilitar o aprendizado das crianças. Fazemos eventos com grafite ao vivo, MCs interagindo com a molecada, os temas que circundam o cotidiano delas. É um projeto muito bonito que tira os artistas do “ciclo vicioso” do entretenimento.


O grupo Oriente começou como?
- Começou em 2009, inicialmente com a união de Chino, eu e Geninho BeatBox. Esse ano ganhamos dois novos integrantes, Forage Dee Jay e Bruno Silva (violino). Queremos deixar nossas obras para eternidade, acho que esse sentimento em comum nos uniu. O envolvimento foi natural e a afinação entre os integrantes veio com o tempo. Buscamos representar nossa geração.

Como anda o movimento hip hop em Niterói?
- Está crescendo, se identificando. Todo domingo rola Roda de Rima em São Francisco. Toda quinta tem MC's de Niterói, SG, Maricá, rimando, se divertindo, na Cantareira. Os eventos e os grupos estão crescendo dentro da cidade e fora dela. Os produtores estão se atentando para o potencial comercial que possuimos. A quebra de tabus é constante, acredito que estamos no caminho certo.
Falando em tabus. Quais já foram quebrados pelo oriente e a galera que o acompanha?
- Não me ligo muito em tabus, buscamos ver sempre além, para nem nos contaminarmos com isso. Nos apresentamos em muitos eventos mais "cult", como abrindo o show do Móveis Coloniais de Acaju, que é um público diferente do RAP, como também o show do Racionais, que não conhecem muitos MC's loiros de cabelo cacheado. Um beatboxer e um violino na formação também é novidade. 

 Menina no microfone ainda é tabu?
- Já foi. Hoje em dia as meninas boas se destacam mais que os homens. Vide Flora Matos! Mas tem que ser boa, não adianta só ser mulher, tem que ter personalidade.

obrigado Nissin Instantâneo.
-tamojunto irmao...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Roda de Rima do Coalhada

Quando se fala em manifestação cultural popular o senso comum nos leva a pensar em coisas de folclore e algo mais antigo, "velho" ou algo do gênero. Entretanto o que é cultura popular? O que é popular? Nas tradições mais rebuscadas é qualquer forma de manifestação cultural, seja na dança, musica arte etc. e que são produzidas pelo povo com participação direta do mesmo.
Mas será que em uma manifestação em torno de uma cultura ou movimento, como o hip-hop se apropria, pode ser considerado movimento popular? Na roda de rima que acontece na praia de são Francisco em Niterói-RJ, muitos frequentadores acham que sim. Fui conferir a roda de rima do Coalhada em São Francisco e registar um pouco dessa manifestação de alguns jovens que gostam de hip-hop.


Quando se chega a São Francisco é possível observar de cara que se está em um bairro de classe média alta. Já no inicio da orla vê muitos restaurantes e de aparência requintada. No entanto as pessoas estão em uma orla, portanto no calçadão se vê todo tipo da gente caminhando, era por volta de oito horas, o clima não era quente nem frio, ameno. Quando se desce do ônibus e vai em direção do local de encontro do pessoal que faz a roda já é possível ver a aglomeração.
Pra entender a roda de rima do coalhada tem que se voltar um tempo no passado. Inicialmente a roda acontecia nos meados de 2009. Seus criadores foram os moradores de Niterói conhecidos como Ricardinho e Babu eles frequentavam o local e ao mesmo tempo trabalhavam vendendo bebida pela orla.
Hariel Medella(a esquerda)
  "Na minha opinião eu acho que esse coletivo começou com uma ideia, que a principio já vinha trabalhando dentro da gente né, que aos pouco fomos transpondo isso pra outras pessoas que estavam ao nosso redor. O movimento tende a crescer à medida que as pessoas se mobilizam pra ouvir cultura a musica, larga tudo que tá fazendo em casa pra realmente curtir uma poesia, curtir um RAP(ritmo e poesia – traduzido da língua inglesa - Rhythm and Poetry), seja pelo violão seja musicalmente é isso que Niterói tem de forte, movimento cultural"
diz Hariel Medella que frequenta a roda desde tempo dos jovens Ricardinho e Babu.





Roda de Rima do Coalhada
 

É literalmente uma roda, um circulo. Gente conversando rindo um pouco, um violão sendo dedilhado, mas sem querer entoar alguma melodia. Na verdade parecia que estava naquilo que chamam de intervalo, mas mesmo assim têm jovens fazendo rima improvisada, até por que, o rap se caracteriza, em alguns casos, pela maneira de rimar no Freestyle. 

Nuquepi que é MC na cidade de Niterói, é responsável pela volta da roda de rima na praia a roda de rima do coalhada, como é chamada, acontece na calçada da praia niteroiense já algum tempo.


Nuquepi (de olho fechado cantando)
 "Aqui ela já acontece há muito tempo. ela começou em<pausa pra lembrar>... 2009, só que ela parou um tempo e agora ela tá voltando. Começou com Ricardinho e Babu com essa pilha, eles vendiam cerveja e tudo mais, aí parou de um tempo pra aí eu e o forage (DJ) resolvemos começar a voltar a fazer"
comenta ele.

Ele acredita que arte de produzir musica na rua com a galera jovem é uma coisa importante e que é bacana por que é de graça.
"Espero que a gente possa trazer mais gente mano, pra mais gente tá vivendo a arte assim. acontecendo na rua de graça. e quanto mais gente a gente puder alcançar melhor, a ideia é essa". 
 Bem próximo em sua Kombi do estava a pessoa que dá nome a roda de rima do coalhada, o próprio Coalhada. O ponto de venda nos fins de semana já existe há 17 anos e com a chagada da galera do RAP ele acha bacana por que considera uma manifestação cultural e que não curtia muito, mas que agora acha tudo legal. 
"O" coalhada
"Eu não curtia esse movimento de hip-hop, aqui sempre rolou mais o rock in roll, mas passei a curtir com essa galera que tá sempre aqui frequentando e eu tô me amarrando. O trabalho tá fluindo...” (risadas). O que representa pra mim é um parada inexplicável, hoje mesmo eu sai daqui seis horas da manhã, e tô aqui de volta às quatro horas da tarde por que sabia que tinha uma roda de rima".

A noite de domingo vai acabando e muitos ainda continuam pela orla. No entanto no próximo domingo os mesmos jovens, na esperança que venham outros, retornam para mais uma roda de rima do coalhada em São Francisco.